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Tecnologia: Será que estamos preparados para um blackout digital?

COMO SERIA O MUNDO SEM A TROCA DE DADOS?


Já passou pela sua cabeça se, de uma hora para outra, o mundo passasse a não ter mais nenhum tipo de dado? E aqui falo da simples e absoluta falta de existência de qualquer dado digital armazenado. Afff, que sufoco!


Esse tema, inclusive, está no Spotify em formato de áudio série chamada Paciente 63. Nela, um paciente da ala psiquiátrica de um determinado hospital relata, em suas sessões, ter vindo de um futuro onde não há nenhum tipo de dado, sendo que as informações têm como ponto de partida o código genético de pessoas, o genoma.


Fica aí o questionamento: como será viver sem acesso a dados digitais e como seria a nossa vida nessa realidade fictícia bem distante da nossa?


Será que em algum momento da sua vida você já parou para pensar o quanto de dados "circula" pelo mundo diariamente? E mensalmente? Se você estiver lendo esse texto de um computador, é bem provável que ele tenha um disco rígido em torno de um terabyte (TB) — para fins de arredondamento, considere isso como mil gigabytes (GB).


Já se o aparelho for um smartphone top de linha, o comum é que ele tenha em torno de 512 GB de memória de armazenamento. Isso, porém, não quer dizer que você esteja limitado a esses números, hoje o acesso de dados em nuvem nos possibilta um horizonte.


Quando o assunto é consumo de dados, diversas aplicaplicações tão comuns no nosso dia a dia, como escutar podcasts, assistir a vídeos via streaming e navegar em redes sociais, acabam gerando dados sem necessariamente ser preciso armazená-los em algum dispositivo.


Segundo um estudo recente da consultoria IDC, em 2020 foram criados, capturados, copiados e consumidos cerca de 59 zettabytes dados em todo o mundo. Novamente arredondando, cada ZB equivale a um trilhão de GB.


Colocando em perspectiva, isso seria o equivalente a transmitir ininterruptamente filmes em full HD por 3,3 milhões de anos. Que loucura !!! Isso daria para lotar a memória de mais de 115 bilhões de celulares com 512 GB de armazenamento. É muita coisa. E a estimativa é que esse volume de dados atinja 175 ZB até 2025, muito por conta do uso cada vez mais amplo de internet das coisas (vários dispositivos funcionando conectados na internet), cloud computing (computação em nuvem) e análise de dados.


Um mundo sem esse tipo de armazenamento e troca de informações significaria abandonarmos totalmente nosso modo de vida. De maneira mais direta, esqueça aparelhos como celulares e computadores, cuja base de funcionamento envolve a produção, armazenamento e troca de dados.


Nesse mundo fictício, passaríamos a depender, por exemplo, de meios analógicos para a troca de informações. Que bizarro seria isso! E abrangeria muita coisa, desde a recepção de sinal de TV até a forma como você guarda seus contatos de telefone — seria bom voltar a se acostumar com a ideia de anotar tudo à mão em um papel. Parece uma mudança simples, mas não é. Basta lembrar como nos sentimos "desamparados" quando saímos de casa sem nosso smartphone ou quando o serviço de internet de nossas casas sofre alguma interrupção.


O sistema de bancos, por exemplo, seria uma tragédia, uma vez que não haveria meios digitais nem para fazer tampouco para autenticar transações financeiras. Da mesma forma, como você comprovaria que tem uma determinada quantia em dinheiro em sua conta?


Esse tipo de informação também configura troca de dados. Dessa maneira, recursos como usar cartão em compras deixariam de existir. As transações teriam que ser feitas em dinheiro vivo e isso implica em uma segurança consideravelmente menor.


E, por falar em segurança, registros criminais e troca de informação sobre criminosos procurados seriam muito mais limitados. Da mesma maneira, ações judiciais teriam um processo ainda mais moroso. O cumprimento de deveres e garantia de direitos dos cidadãos seriam bastante comprometidos. Ao mesmo tempo, avanços científicos seriam consideravelmente impactados.


Sem poder contar com o banco de dados, por exemplo, seria impossível o desenvolvimento de uma vacina em tempo recorde como vimos acontecer durante a atual pandemia de covid-19. A tendência é que a expectativa de vida das pessoas sofra uma redução considerável.


Essa lista ainda inclui dados de histórico de saúde, comércio exterior, acesso a serviços básicos, controle de arrecadamento de impostos, entre outros serviços e processos que dependem totalmente da produção, armazenamento e troca de dados.


Apesar de muito se usar a lógica de que sem contato virtual as pessoas tendem a ficar mais próximas, a realidade de um mundo sem dados tende a ser consideravelmente diferente.


Sobraria apenas uma opção para falar em tempo real com amigos e parentes mais distantes: a telefonia analógica. Fora isso, a outra forma de contato à distância seria por meio de cartas e derivados, como o telégrafo.


Isso, por si só, já limitaria bastante a convivência.


Conhecer pessoas em aplicativos de namoro, então, seria impossível. E, mesmo com pessoas mais próximas, encontrá-las não seria, necessariamente, mais simples. Sem troca de dados, é bem provável que passemos mais tempo fazendo tarefas simples na rotina de trabalho, sobrando menos tempo para atividades de lazer.


O simples happy hour depois do trabalho correria grande risco de nunca acontecer...


Não estamos preparados.


Fica aí a reflexão.




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