Tecnologia: OS SMARTPHONES SUBSTITUIRÃO OS RECEPTORES GNSS?
- ocarcaranews
- 10 de set. de 2021
- 3 min de leitura
O DESENVOLVIMENTO DE APPS APONTA QUE SIM
Embora as definições e as competências relacionadas ao Sistema de Navegação Global por Satélite (GNSS) estejam consolidadas, houve transformações significativas ao longo dos anos no que se refere ao modo no qual esta forma de posicionamento se insere nas mais diversas áreas da nossa sociedade. Informações obtidas através dos satélites de posicionamento, inicialmente pensados somente para fins militares, desde os anos 1990, podem ser utilizadas para uso civis.
Tradicionalmente, o posicionamento só era possível através do uso de receptores GPS e depois GNSS, desenvolvidos especificamente com esta finalidade. Atualmente, vários outros dispositivos eletrônicos são dotados de receptores GPS ou GNSS, e conseguem receber sinais de satélites de posicionamento, antenas de rádio, telefonia e assim é possível a obtenção de suas coordenadas.
A precisão posicional pode variar dependendo de diversos fatores tais como: o tipo e a qualidade do receptor, o método de posicionamento, os erros envolvidos no processo de medição, a estratégia de processamento entre outros.
Obviamente, diferentes finalidades para as quais se deseja obter as coordenadas tridimensionais também exigem diferentes precisões, para fins de engenharia, tais precisões podem variar de submétricas à milimétricas.
Em 2021, a maioria dos smartphones e celulares possuem receptores GPS ou GNSS integrados. Adicionalmente, existem diversos aplicativos para diferentes plataformas de celular não usam a posição e requerem alta precisão posicional, pois visam apenas deslocamento no tecido urbano, a exemplo de transporte de pessoas ou entrega domiciliar. Apesar da precisão posicional de coordenadas obtidas através de receptores de navegação integrados aos smartphones, possuir precisão da ordem de poucos metros, os aplicativos usam informações adicionais para se posicionar, tais como: nome do logradouro e bairro.
Entretanto, para o levantamento de um imóvel urbano ou rural, por exemplo, a exigência em termos de precisão é centimétrica, o que necessariamente, requer equipamentos que permitam coletar e processar observáveis dos satélites que conduzam a coordenadas mais precisas.
Em maio de 2016, durante a conferência Google I/O, a empresa Google anunciou a possibilidade de acesso aos dados GNSS brutos coletados por smartphones e tablets através da plataforma Android N (“Nougat” = versão 7.
Esse anúncio, possibilitou diversos estudos relacionados à precisão do posicionamento através de receptores GNSS integrados aos smartphones. Em 2017, foi lançado o aplicativo Geo++RINEX Logger, que possibilita gravar os dados brutos GPS (satélites dos EUA), GLONASS (satélites da Rússia) e Galileo (satélites da ESA – Agência Espacial Europeia) no formato RINEX (Receiver Independent Exchange Format), ampliando as possibilidades quanto à realização de pós-processamento dos dados brutos GNSS oriundos dos smartphones.
Vale lembrar que existem restrições para a integração entre os receptores GNSS com os demais componentes dos smartphones, entre as quais pode-se citar: o espaço reduzido, interferência com rádio transmissores, antenas de baixa qualidade, entre outros. Sendo assim, um bom posicionamento a partir de um smartphone depende, entre outras coisas, da qualidade dos materiais que cada fabricante utiliza em sua produção.
Um marco para esse mercado da tecnologia de ponta foi o anúncio em 2018, pela empresa Xiaomi do primeiro smartphone de dupla frequência que seria capaz de coletar as ondas portadoras L1 e L5 dos satélites GPS.
Diante disso, a precisão dos levantamentos realizados por esse smartphone poderia chegar na casa dos centímetros e assim, em alguns casos, substituir os receptores GNSS em alguns levantamentos. Trabalhos científicos de grande relevância no cenário nacional e mundial já apresentam resultados na casa decimétrica utilizando o smartphone Xiaomi Mi 8.
Esperemos para ver as cenas dos próximos capítulos. Mas uma coisa é certa, os programas de GPS nos smartphones podem ser uma ótima opção para quem não quer investir uma grana alta em um receptor GNSS. Os apps assumirão essa missão? As empresas investirão esforços e dinheiro nesse setor? São os questionamentos que ficam.

Rafael Barros Forte
Graduado em Engenharia de Petróleo
e estudante de Direito.
Atua como pesquisador da área de
Direito Constitucional.
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