Não bastassem as mais diversas formas de terror que apavoram a população, desde as reais àquelas fabricadas pelas indústrias das notícias falsas, amplificando, ainda mais, o medo já instalado na sociedade, em relação a uma doença ainda desconhecida, agora tivemos a certeza de que tudo pode ficar pior ou que já piorou: Acabou o ar!!!.
Eis o grito e o pedido de socorro, manifestado por diversas vozes que ainda conseguem respirar, em Manaus, denunciando o fim do oxigênio em hospitais da cidade.
A falta de abastecimento de oxigênio em hospitais, a ação manual desesperada de profissionais de saúde, numa extrema medida para salvar vidas, os relatos de condições assustadoras de pacientes que aguardam transporte de oxigênio e insumos chegarem à rede de saúde, são um resumo desse capítulo de tragédia na saúde local.
Esse cenário apocalíptico, potencializado pelo aumento do número de casos de Covid-19, é verdade, tem gerado congestionamento no atendimento, lotação das emergências e dos leitos de unidades de tratamento intensivo, bem como, numa triste e terrível realidade, a falta do que é primordial, para suprir os pacientes naquilo que a doença mais ataca, as vias aéreas e o trato respiratório.
A falta de oxigênio é um emblema de crueldade, de ineficiência dos mecanismos de suporte e de logística da rede de saúde, malgrado todo o esforço que os profissionais de saúde estão fazendo (são heróis e heroínas), em jornadas ininterruptas de trabalho, do esforço dos gestores de hospitais, unidades de pronto atendimento, clínicas, laboratórios e de toda gestão pública no enfrentamento dessa guerra sanitária, a falta de oxigênio, nesse contexto, é o fim calamitoso que jamais se poderia deixar ocorrer.
Que haja uma ação global de solidariedade em todo país, para que governos e instituições possam, sem demora e sem espera, socorrer Manaus e se prevenirem para que não mais se repita, em nenhum rincão do país, o drama que nossos irmãos e irmãs amazonenses estão passando, a falta de ar!!!
Que sejam apuradas as eventuais negligências e omissões nesse caso e que os responsáveis sejam exemplarmente punidos, por esse potencial risco de homicídio coletivo.
Como diz o reconhecido Nobel de literatura, Hermann Hesse, em seu último romance, O jogo das contas de vidro, “as abstrações são encantadoras, mas sou a favor de que se deva também respirar o ar e comer o pão”.
Queremos ar! Já!
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