Estátuas e cofres E paredes pintadas Ninguém sabe o que aconteceu Ela se jogou da janela do quinto andar Nada é fácil de entender
Assim começava uma das músicas mais famosas de uma das bandas mais importante do rock nacional nos anos 80. Quando Legião Urbana escreveu o clássico “Pais e Filhos”, não poderia prever que 30 anos depois este tópico algo que não era falado, permanece presente em nossa sociedade: a interrupção da vida quando ainda havia muita vida a se viver.
Uma mãe estava chorando no stories do Instagram agarrada a um agasalho do seu filho. A cantora de forró Walkiria Santos disse que a intenção do seu filho era fazer um vídeo “apenas para as pessoas rirem”, em vez disso, ele recebeu uma avalanche de ataques pesados por de trás de telas de notebooks, tablets e smartfones.
As críticas em geral eram homofobias, e por respeito a sua memória não iremos replicar o conteúdo do vídeo. O menor de 16 anos ainda tentou se explicar, mas isso tão pouco diminuiu os ataques. Nós, da família Carcará, podemos apenas nos solidarizar, com esta mãe em sua dor e por isto estamos iniciando uma lista de textos abordando vários tópicos para promover a prevenção ao suicídio. Poderíamos deixar o debate para o Setembro Amarelo, mas temos que estar atento as pessoas em sofrimento de janeiro a janeiro.
A educadora de pés descalços, a Dra. Karina O. Fukumitsu se tornou suicidologista por questões singulares que ela faz questão de contar em suas palestras e Podcast “Se tem vida, tem jeito”. Da dor nasceu um ofício, e quando jovens de um colégio de auto padrão se autodestruíram em 2018, fora neste momento que eu soube de seu trabalho em pósvenção: cuidar daqueles que ficam e precisam se dar conta do seu processo de perda.
A pergunta que sempre me fazem é: como prevenir a morte por suicídio?
A sociedade deve acolher a dor humana, pois esta é real e não importando qual seja o motivo, dever ser levada em consideração. Como não sabermos o que se passa na mente uns do outros, ficamos sem entender certas atitudes e comportamentos das pessoas. Por isto, seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde e do Manual de Comunicação Consciente, destaco quatro dicas que podem ser úteis quando perceber que alguém está em risco de suicídio.
1º Ouvir – Ouça o que o outro tem a dizer, caso não se sinta preparado, ofereça o telefone do CVV (Centro de Valorização da Vida) 188 que funciona 24 horas e nos 7 dias da semana.
2º Acompanhar – Ofereça algo para além do que ouvir, doe seu tempo se fazendo presente.
3º Buscar ajuda profissional – Além de ser ouvido, a pessoa em sofrimento precisa de cuidados específicos.
4º Proteger – Promover e manter um ambiente seguro para pessoa em sofrimento.
Devemos nos debruçar na seguinte questão: como promover um ambiente seguro na internet?
A segurança das pessoas na internet deve ser um debate social que promova ações efetivas de comunicação e orientação legal. Quando nos damos conta, os milhões de jovens por todos os cantos do país estavam abrindo conta no Tik Tok e fazendo coreografias, dublagens e humor para alcançar o maior número de visualizações, compartilhamentos e curtidas.
Quando uma mãe de uma família de classe alta decide que sua filha menor de idade não iria continuar fazendo vídeos pois acreditava não ser saudável - cancelou uma conta com 2 milhões de seguidores - virou matéria do Fantástico. Os comentários que ela recebeu de outras pessoas foram: “você está estragando a carreira de sucesso da sua filha” ou “como você pode fazer isto”. Ainda na mesma reportagem, é contada a história de outro influenciador do complexo da Maré no rio de Janeiro, que transformou a sua produção de conteúdo para internet em profissão.
Aquilo que poderia ser entretenimento virou fonte de renda, venda de permuta ou moeda de troca em divulgação. Sabemos distinguir se esta exposição em redes sociais está fazendo bem ou mal aos nossos jovens? Será que as ações do Instagram em inibir like realmente teve algum efeito como proposto inicialmente? Será que temos mecanismos tecnológicos para inibir o comportamento de comentários agressivos nas redes?
O tema do próximo texto é sobre cyberbullying, que é a violência dos ataques vida rede.
Por enquanto, a mensagem é que temos que nos solidarizar com a dor e sofrimento humano. Está e a forma de prevenir e educar. Gostaria de deixar uma citação do site da Dra. Karina no fim deste texto:
“Desperta olhando para sol. Acorda em direção do que te faz bem. Cuida de você e de quem ama e continua. Hoje é um novo dia”.
Serviço de utilidade pública: Onde buscar ajuda para prevenir o suicídio?
CAPS e UBS – Unidades Básicas de Saúde – Postos e Centros de Saúde UPA 24H / SAMU 192 e Pronto Socorro e Hospitais CVV – Centro de Valorização da Vida – 188 (Ligação Gratuita)
Psicóloga Masilvia Diniz
@psicomasilviadiniz
Clínica da Ansiedade e Depressão - CRP-06/89266
Atendimento Online para todo Brasil
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