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Mente e Corpo: Por uma vida psicologicamente rica

  • Foto do escritor: ocarcaranews
    ocarcaranews
  • 15 de set. de 2021
  • 3 min de leitura

“Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe

para a gente é no meio da travessia." Guimarães Rosa.


Como eu disse na Live do Setembro Amarelo, quando uma pessoa se forma em psicologia ela sai com um diploma e uma certeza: que continuará estudando para o resto de sua vida.


Portanto, resolvi compartilhar com os leitores do Carcará um conceito interessante proposto por dois psicólogos sociais americanos Oishi e Westgate, numa pesquisa publicada neste ano, pela American Psychological Association – Uma vida psicologicamente rica: para além da felicidade e busca de sentido.


A pesquisa busca contribuir com uma pergunta que permeia os cientistas da psicologia e com certeza as sete bilhões de pessoas que caminham neste mundo:

O que torna uma vida em uma ‘boa vida’?


Claro que quando falamos da palavra rica a ideia imediata é que tem a ver com riqueza material. Quantidade de dinheiro na sua conta e possibilidade de fazer o que quiser a qualquer momento. Porém será que somente recursos materiais são capazes de preencher nossa existência? Ajudar ajuda, mas é o suficiente?


O ator e comediante Jim Carrey, que havia conquistado o público com suas comedias e o respeito dos críticos com seus dramas, resolveu se afastar do cinema. Quando questionado o motivo, certa vez disse numa entrevista: “Eu espero que todas as pessoas do mundo fiquem ricas, famosas e tenham tudo o que sempre sonharam... para que, assim, elas vejam que isso não é a resposta para tudo.”


No documentário de 2008 “Eu sou porque somos”, a Rainha do Pop Madonna, foi convidada pelo seu amigo e rabino a visitar um dos países mais pobres do mundo, Malawi na África. Assolado por uma epidemia de Aids - o país não dispõe de um serviço de saúde publica e nem de campanhas de orientação - o que levou a uma grave crise humanitária com mais de 12 milhões de crianças órfãs. Ao ser recebida por pessoas humildes com uma celebração tipicamente africana, ela disse: “eu nunca havia visto pessoas tão alegres em minha vida”.


No início do artigo, os pesquisadores encontram artigos de psicologia, filosofia e literatura que sugerem as três dimensões de uma vida psicologicamente rica:

Vida feliz, por exemplo, é uma vida que busca satisfação em afetos positivo: como conforto ou pensamento positivo e a alegria.


Vida que busca sentido, que valoriza coisas subjetivas como: significado, princípios morais e consistência.


Vida rica psicologicamente seria o que eles chamam de “uma vida rica vida” com variedade de experiências, espontaneidade, sabedoria e uma mente curiosa.


A pesquisa em questão propôs uma revisão cientifica em artigos publicados em diversos países, dentre os quais, contemplavam pesquisas em que pessoas foram questionadas qual são itens que consideravam importantes na vida, tais como família, emprego, valores, relações e para cada item fora atribuído uma nota e um peso para definir o que é uma boa vida.


Ao final destas pontuações, fora as experiencias vividas que contemplavam as maiores notas. “Ao contrário de vidas felizes ou significativas, vidas psicologicamente ricas são mais bem caracterizadas por uma variedade de experiências interessantes e de mudança de perspectiva”, dizem os pesquisadores.


A tese que norteou a pesquisa visava propor um modelo diferente do usual: uma vida hedonística versus uma vida eudaimônica. Ambos os conceitos da filosofia que opõem uma vida de prazer versus uma vida orientada por valores. Assim como na fabula da cigarra da formiga. A questão é: como podemos equilibrar a cigarra e a formiga que habita em nossas almas?


Neste ano, o Oscar premiou como melhor desenho animado de longa metragem com o filme Soul (Pixar,2020 - disponível na Disney Plus).

No filme temos uma infinidade de exemplos de pessoas que escolheram um modelo ou outro e como tudo na vida, tiveram que arcar com o preço da escolha. Como parte do impacto da história é assistir ao filme, eu vou poupar o leitor dos spoilers, mas segue abaixo uma breve sinopse.

Acompanhamos Joe, professor de música no grupo escolar recém efetivado. Mesmo assim demonstra ser frustrado dado seu desejo era ser músico profissional de numa banda de Jazz.

Quando seu sonho fica apenas horas de ser realizado, é interrompido por uma viagem para a vida depois da vida. Mesmo sendo improvável, ele decide não “desistir da sua grande chance”. Durante esta jornada apesar de ser constantemente alertado por vários personagens, que existem outras formas de sentir-se vivo, que não seja aquela que sua mente projeta: em cima do palco realizando “seu sonho”.


Seja como qual for a forma que norteia a sua vida, uma vida com muitos prazeres e muitos deveres, deixo uma reflexão.


Quando você tiver 80 anos, qual é a vida que você que ter de recordação?

Desejo você, leitor que chegou até este parágrafo, uma vida psicologicamente rica.

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Psicóloga Masilvia Diniz

@psicomasilviadiniz

Clínica da Ansiedade e Depressão - CRP-06/89266

Atendimento Online para Brasileiros que vivem no Mundo.

 
 
 

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