Abuso Psicológico, Cultura do Cancelamento, Bullying. No artigo de hoje, vamos falar a respeito de assunto que tanto chamou a atenção do público brasileiro.
Durante o final de semana, o público subiu nas redes sociais inúmeras hashtags sobre o comportamento dos participantes do BBB21, termo abuso psicológico foi extensamente utilizado, o que chamou a minha atenção: afinal é importante que as pessoas saibam reconhecer quando estão assistindo ou sendo vítimas deste tipo de violência.
Como este é um assunto quente e está coluna trata sobre temas de saúde mental e bem-estar, acredito que temos uma oportunidade para falarmos sobre abuso psicológico.
Antes de prosseguir, é importante que tenhamos em mente que aqui o objetivo não é analisar o comportamento dos participantes do BBB 21, o que seria antiético, mas usar um tema atual e abrir este espaço para educar sobre este assunto. Os temas espinhosos como bullying, violência doméstica, feminicídio começam com abusos psicológicos. Como estamos tratando de temas delicados é possível que isto possa despertar, em você leitor (a) sentimentos ou sensações desconfortáveis.
Primeiro, é importante entender os dois conceitos, o abuso psicológico e a cultura do cancelamento. Vamos as definições:
Abuso psicológico: nomeia agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar, rejeitar, humilhar a vítima, restringir a liberdade ou, ainda, isolá-la do convívio social.
Cultura do Cancelamento: tem o objetivo de interromper o apoio uma entidade devido a uma postura considerada inaceitável pelo seu público, inibindo as suas opiniões. O Dicionário australiano Macquarie a define como uma "força poderosa", que pode ser usada para o bem e para o mal.
A pergunta é:
Poderia uma pessoa tentando repreender uma postura inaceitável cometendo uma série de abusos psicológicos? Será prudente tentar combater um tipo de violência com outro tipo de violência?
Gostaria que compartilhassem conosco suas respostas. Neste ponto do texto, vou mencionar os abusos psicológicos que podemos reconhecer a nossa volta, no final do texto eu falarei mais sobre BBB21.
Muitas pessoas ainda falam que na sua época, sofriam bullying e não ficaram traumatizadas. Mas será que isto é verdadeiro?
O conceito foi amplamente divulgado após o Massacre de Columbine, o bullying é um abuso psicológico quando é realizado em frente aos outros também é um assédio moral.
Se alguns de nós adultos não damos conta, imagine uma criança, que foi levada a escola para desenvolver habilidades de convívio social?
O recomendado é que a vítima precisa ser ouvida e os agressores devem ser penalizados, contudo na prática, o que acaba acontecendo invariavelmente é que a criança ou adolescente e trocado de ambiente escolar, perdendo assim convívio social com professores e colegas, sendo penalizada duplamente.
O ponto de atenção é que temos que estar atentos quando a violência chega em ‘nosso quintal’, para aprender a proteger os nossos e a nós mesmos.
Durante 2020 em plena pandemia, os feminicídios se tornaram assuntos recorrentes nos noticiários. Temos um número crescente de casos, no momento em que o aumento de violência doméstica foi associada ao home office e o isolamento social.
Nos relacionamentos, o ciclo de violências geralmente inicia quando as vítimas são afastadas de amigos e familiares para se tornar dependes psicologicamente do agressor. As pessoas relatam sentir vergonha e culpa quando são intimidadas, humilhadas e são agredidas, sejam com palavras ou fisicamente. Quanto mais cedo são capazes de perceber como vítimas, mas se afastam e tentam se proteger.
A questão é exatamente esta, quando é que se percebem vítimas? No caso recente da juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, assassinada pelo ex-marido na frente de duas menores, se percebeu como uma vítima em potencial?
Caso você esteja numa situação com as características mencionadas, orientamos relatar seu caso na Central de Atendimento à Mulher 180.
Quando ao BBB 21, o que estamos assistindo é também abuso psicológico? Vejamos, temos 20 pessoas confinadas numa casa, buscando uma ascensão nas redes sociais visando um lucro com a imagem pública e brigando para chegar na final.
Outra questionamento:
Quanto tempo as pessoas confinadas passam a ignorar que estão sendo filmadas?
A partir disso, a verdade se revela, não é a primeira vez que assistimos abusos psicológicos de um participante com o outro dentro de reality shows, e adianto não será a última. Os fins não justificam os meios, e aqueles que são expostos em seus vícios e/ou virtudes podem ser prestigiados por uma edição milimetricamente calculada.
Muitas pessoas que estão sendo vilanizadas dentro daquele ambiente, podem no decorrer do caminho, serem mantida na casa por cair nas graças do público. Como ainda estamos no início, ainda teremos muito tempo para que o público de fora da casa dê seu recado para os participantes e assim quem sabe, eles percebam que certos discursos funcionam apenas na teoria.
Masilvia Diniz
Psicóloga Clínica
Terapia Cognitivo Comportamental
@psicomasilviadiniz
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Excelente argumento!