Não é hoje, que nós o povo brasileiro, temos que lidar com noticiais difíceis de ouvir. Certamente, nenhum de nós independentemente da idade, posição social e entre outros rótulos sociais, estará ileso quando se trata de passar pelas tempestades da vida.
A Pandemia não é uma tempestade, é uma Tsunami, nenhum de nós, mesmo que regredirmos aos seus bisavôs, passou por algo semelhante. Vejamos a definição de Tsunami;
Um fenômeno natural, impossível de ser previsto com antecedência, portanto não há como deter a devastação econômica do local atingido é os esforços se concentram em salvar vidas’.
Contudo, não há definição de Pandemia por Covid-19 nos livros, talvez exista no futuro, mas se faz necessário concentrar nossos esforços no momento presente.
Em carta aberta publicada no dia 21/03/21, nos principais veículos de notícia do país, centenas de renomados economistas e profissionais do mercado financeiro brasileiro pedem medidas urgentes de combate a pandemia e começam a carta com a seguinte sentença: Hoje o Brasil é o epicentro mundial da Covid-19.
Como esta carta traz a visão dos especialistas da área financeira sendo eu especialista comportamento humano, acredito que posso contribuir, contudo de outra forma. Percebo nos relatos das pessoas a dificuldade em ouvir tantas noticiais difíceis, isto gera estresse, sintomas de ansiedade entre outras questões. Isto nós traz ao título deste texto: como lhe dar com notícias difíceis de ouvir.
Na área da saúde e cuidados paliativos, quando se faz necessário transmitir uma notícia difícil, é recomendado que o profissional utilize o Protocolo S.P.I.K.E.S., isto é um anagrama com os passos que devem ser seguidos:
S - Preparando-se para o encontro,
P - Percebendo o paciente,
I - Convidando para o diálogo,
K - Transmitindo as informações,
E - Expressando emoções,
S - Resumindo e organizando estratégias.
No caso de uma tragédia, não é possível preparar um encontro. Tudo acontece de forma intensa e o bem mais precioso - o tempo, parece se esvair entre os dedos. Quando você se deu conta, completamos um ano em que pessoas aparecem em forma de números nos noticiários.
Neste momento, você leitor, provavelmente conheça alguém do seu ciclo de relacionamento, seja profissional ou pessoal, que foi ou está contaminado com a Covid. Percebo no meu dia a dia que as pessoas quando se comunicam, dizem frases como: “fique bem”, “se mantenha saudável”, “use máscara”. O humor muda instantemente quando diz “tal pessoa foi contaminada, como está? ”. A Pandemia mudou nossa forma de nos comportar, pensar, sentir e nós e comunicar com os outros. Um impacto que só poderá ser medido ao longo do tempo.
O objetivo deste texto é iniciar um diálogo de forma compassiva, sem julgamentos. Cada um de nós fez ou faz o que está ao seu alcance, obviamente não há como evitar o inevitável. Sim, estamos no pior momento da pandemia. Quando lemos isto, se faz necessário aceitarmos que a pandemia é o inimigo comum que deve ser enfrentado.
No entanto, os próximos parágrafos serão difíceis de ler, mas são informações importantes que precisam da sua atenção, sendo estas:
Não há leitos suficientes para atender a demanda nos hospitais públicos e particulares,
Assim como ocorreu em Manaus pode faltar oxigênio em vários outros locais do país,
Pode ocorrer o esgotamento de estoque dos medicamentos para intubação dos pacientes e
O cálculo é que “no ritmo atual levaríamos três anos para vacinar toda população brasileira”, este cálculo está na carta aberta (cujo link estará disponível no texto).
Como você se sente depois que terminou de ler esta lista?
Emoções e sentimentos são humanos e devem ser percebidos por quem os sente. Eu posso não estar ouvindo o que você está sentindo, mas estamos juntos quando se trata de validar suas emoções.
Vou começar expressando a minha profunda admiração pelos profissionais da linha de frente. Nenhum diploma que eu tenha conquistado ao longo da minha carreira é o suficiente para servir a estes que se dedicam incansavelmente. Eu os reverencio, pois eles em seu juramento se comprometeram salvar vidas, e mesmo com todos os recursos mais modernos da medicina (quando estes tem acesso) esta tem sido uma árdua missão, pois vidas se perdem ao longo do caminho. Bravos, profissionais, que mesmo esgotados: física e mentalmente, perdendo colegas e mesmo assim continuando, pois tem consciência que são insuficientes frente da demanda.
Convido vocês a expressarem o que estão sentindo, pois certamente todos fomos afetados de um jeito ou de outro.
Mesmo não te ouvindo, acredito que podemos estabelecer algumas estratégias. O inimigo é invisível, e hoje é sim comportamento de risco sair de casa sem máscara. Não é possível prever quem está com a doença ou não, pois existem pessoas que podem ser portadoras e sem sintomas.
Se faz necessário aceitar que existem coisas que estão fora do nosso controle, porém existem outras que estão em nossas mãos. Se esta é a única coisa que você pode fazer ao sair de casa é usar a mascará e lavar as mãos, combinamos então que faça. Caso esteja ao seu alcance fazer algo há mais, faça. Notícias difíceis de ouvir, não podem ser evitadas. Precisam ser assimiladas, para isto demandamos estar atentos as nossos emoções e termos em mente que é preciso estar preparados, inclusive para dias melhores.
Pretendo fazer, em breve, uma live na página do Carcará News, pois eu doarei meu tempo para ouvir vocês depois de lerem este texto. Convido você a participar e continuarmos neste diálogo.
Carta Aberta à Sociedade Referente a Medidas de Combate à Pandemia:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/03/21/em-carta-centenas-de-economistas-pedem-vacinacao-e-medidas-de-distanciamento-social-para-combater-a-pandemia.ghtmla
Masilvia Diniz
Psicóloga CRP-06/89266
Terapia Cognitivo Comportamental / Clínica da Ansiedade
@psicomasilviadiniz - Atendimento on-line
Convido você a contribuir com esta coluna. Deixe seu comentário o que achou do tema, experiências que queira dividir ou até indicar quais temas devam ser abordados.
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