Hoje é terça de Carnaval, uma terça diferente dos que usualmente estamos acostumados. Nem todos que estão lendo este texto são foliões e sempre preferem estes dias para descansar, outros preferem as fantasias, aglomerações e entre outras situações que somente festas populares permitem, porém, estamos sendo atravessados com outro enredo desde carnaval passado: o Covid-19.
Vamos remontar este enredo. Partindo do ponto em que nós, me incluo, ficamos confusos com as informações desordenadas que viam chegando: não se preocupe a doença está lá longe, para em menos de 60 dias atravessar três continentes e em seguida em fevereiro/20 estar entre nós.
Ficar em casa, profissões essenciais, isolamento social, distanciamento social, máscara, álcool gel, limpar as compras, escudo facial, higienização dos ambientes, chamada de vídeo, aplicativo de compra de comida, boatos de falta de alimento, estoque de papel higiênico, home-office, homeschooling, diminuição de contrato CLT, auxílio emergencial, número de contaminados, vítimas fatais, recuperados e agora os vacinados, são termos que entraram para nosso vocabulário e para nossa história.
Apesar de em nossa História ter ocorrido outras pandemias, as recomendações não são aplicáveis em nosso contexto atual. Nossa população cresceu, os meios de trabalho são outros, assim como também nossa agitada vida moderna, é e exatamente por isto tudo, que se tornou tão complexo. Vou usar a metáfora do voo do avião para pavimentar esta ideia. Alguns de nós já andou de avião, caso não tenha, já deve ter visto em filmes a seguinte orientação:
“Em caso de despressurização, máscaras vão cair no painel acima da sua cabeça. Lembre-se de colocar primeiro em seu rosto e depois colocar no rosto das outras pessoas”.
No caso de uma pandemia, o que fazer? Existe a opção de ficar em casa ou trabalhar? Aglomerar-se ou isolar-se?
Os dados atuais da pandemia refletem 9.834.513 casos, com 8.765.048 de recuperados. Provavelmente você esteja lendo este texto conheça um pequeno número de pessoas, incluindo você, que tenha contraído a doença. Algumas pessoas infelizmente tiveram suas vidas ceifadas, famílias inteiras foram atingidas. Enquanto isto, outras tantas pessoas nas ruas se aglomerando e vivendo como se não houvesse pandemia. Neste ponto, posso levantar uma tese do negacionismo, não somente científico, mas o negacionismo do tipo ‘não, isto não vai acontecer comigo’. Ou seja: será que as pessoas não enxergam o risco de contrair o vírus? Vejamos, existem exemplos pelo mundo. O isolamento social está surtindo efeito em Portugal, mas isto aconteceu porque este país estavam o maior nível de contaminação desde o início da pandemia e está se tornou a única maneira no momento de frear o contágio. O único país em que a vacinação se provou eficaz, com diminuição de casos, é Israel que atingiu a marca 40% da população vacinada, é ainda assim, a recomendação e que a população continue agindo com cautela. Importante: este último parágrafo contém informações das últimas 48 horas.
“O que sabemos é uma gota e o que ignoramos é um oceano.” Dark, Netflix 2020.
A palavra vírus vem do latim é significa fluido venenoso ou toxina. O Covid-19 atinge pessoas diferentes de jeitos diferentes, para alguns nada afetam, mas para outros podem ser fatal. Este é o maior desafio da ciência, como não é possível saber quem será contemplado com o nada afeta também não é possível saber para quem será fatal. Portanto aqui vai mais um termo para engordar a lista do terceiro parágrafo: o comportamento de risco.
O comportamento de risco, é muito utilizado para doenças sexualmente transmissíveis e atenta-se para a importância da prevenção, portanto não vejo motivo para não usar neste momento. Dado que todos nós estamos cientes dos riscos do Covid-19, somos nós os responsáveis pela transmissibilidade do vírus. As responsabilidades de nós guiar durante a pandemia são dos gestores públicos, afinal de contas está na mão deles providenciar os insumos básicos para área de saúde: como leitos, profissionais, equipamentos, máscaras, oxigênio e o que for necessário. Enquanto isto, está nas suas mãos de cidadão evitar de contaminar-se.
Não imaginei presenciar uma reunião da Anvisa para aprovação emergencial de uma vacina ser acompanhada como fosse final de campeonato de futebol, o discurso emocionado da primeira brasileira vacinada como fosse um discurso de uma premiação importante ou que esta Pandemia levaria o tempo que está durando.
No futuro, teremos um manual de instruções da OMS de como proceder em pandemias deste porte, com as seguintes informações: quanto tempo as fronteiras devem ser fechadas, isolamento por área de contaminação, quando devemos usar as máscaras, adotar metodologias de higiene e inclusive, saber quanto tempo de contato com um infectado leva para adquirir a doença.
Mas neste momento o que temos e apenas a conscientização semelhante à das máscaras do avião: primeiro, proteger a sua vida e depois a do próximo.
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Masilvia Diniz
Psicóloga CRP-06/89266
Terapia Cognitivo Comportamental / Clínica da Ansiedade
@psicomasilviadiniz - Atendimento on-line
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