Dona Leopoldina - “brasileira de coração”
- ocarcaranews
- 7 de set. de 2021
- 2 min de leitura
Dona Leopoldina de Habsburgo teve um papel político relevante no Brasil do início do século XIX, notadamente no contexto da independência; quando muitos políticos da época a consideraram a mentora do processo.

Autodeclarada ¨brasileira de coração¨, teve ampla aceitação social ao ponto de ser igualmente amada pelo emergente povo brasileiro.
Atualmente, um processo historiográfico avança para o conhecimento da primeira Imperatriz brasileira. Apartando um pouco – mas, não negando os traumas pessoais e familiares a ela causados por D. Pedro – ressurge a figura histórica de uma mulher decisiva para os destinos de uma nova nação - que tanto amou. Dona Leopoldina tem sido revistada por inúmeras obras biográficas, peças teatrais e produções de minisséries para televisão aberta ou por via streaming. Ressurge “uma mulher emponderada” no processo de emancipação da antiga colônia; deixando um pouco de lado o preconceito da “mulher traída e depressiva”.
A exemplo do “Dia do Fico”. “O príncipe está decidido, mas não tanto quanto eu desejaria”, dona Leopoldina confessa os bastidores que antecederam tal ato histórico, em carta endereçada ao secretário Schäffer; dizendo ainda que: “muito me tem custado alcançar isto tudo – só desejaria insuflar uma decisão mais firme”. A Imperatriz foi quem impulsionou D. Pedro I para uma atitude.
O ápice de sua atuação acontece nos dias antecedentes à independência. No dia 28 de agosto, aportou na Baía da Guanabara o navio Três Corações, trazendo “notícias desagradáveis” de Portugal. A Corte lisboeta faz saber que o reino do Brasil seria dissolvido e um novo governo nomeado; exigiam ainda, o retorno do príncipe e de sua família para Portugal.
Na ausência de D. Pedro I que estava em território paulista, Dona Leopoldina, convoca um conselho de ministros, no dia 2 de setembro; acompanhada de José Bonifácio que fez uma árdua defesa da separação do Brasil e propôs que se enviasse uma carta para D. Pedro. Vale o registro histórico que foram expedidas duas cartas; uma de Bonifácio em nome do colegiado e outra particular da imperatriz, ambas, exortando-o a tomar de vez essa decisão. O famoso grito “independência ou morte”, acontece às margens do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822.
Oficialmente D. Pedro I foi o patrono da independência. Acontece que Vasconcelos de Drummond expressou a icônica frase: “Ela deveria ser Ele”. E deixou para interpretações, a saber: “Fui testemunha ocular e posso asseverar aos contemporâneos que a princesa Leopoldina cooperou vivamente dentro e fora para a independência do Brasil”.

ADAUTO LEITÃO JÚNIOR
É professor e historiador
Deixe seu comentário o que achou do tema, experiências que queira dividir ou até indicar quais temas devam ser abordado
Yorumlar