Enquanto finalizava o texto anterior informando que este trataria sobre cyberbullying, os sites de notícia ventilam o desabafo de outra mãe, a empresária cearense Mari Alvarez que viu sua filha de 13 anos sofrendo preconceito de capacitismo – categoria de preconceitos sofridos por pessoas com deficiência – a menina se mostrou seu corpo no bate papo on-line com adolescentes de sua idade e postou uma sessão de fotos na qual exibe fotos da sua órtese em perna esquerda.
Logo, que mãe ouviu comentários do tipo “você joga futebol” ou “perna biônica”, acendeu o alerta na mãe que publicou uma foto com um ‘textão’ para minimizar os ataques a sua filha.
Alguns de vocês estão familiarizados com o termo bullying – que pode ser uma agressão física, verbal e/ou psicológica contínua, fazendo com que um indivíduo ou um grupo ataque um indivíduo com base em sua aparência ou no seu comportamento. O cyberbullying são os mesmos tipos de ataque, porém no mundo virtual, que é considerado crime, segue abaixo a lei e no final desta coluna o texto completo.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática ( Bullying ) em todo o território nacional.
§ 1º No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática ( bullying ) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
A pergunta que me fazem é o que há por trás de um comentário de cunho depreciativo na rede social? A resposta é tanto quando simples: o comportamento de agressividade – que denota fragilidade e em geral tem como objetivo chamar a atenção do outro.
Existe toda uma discussão social sobre Geração Mimimi X a liberdade de emitir a opinião. Dado que há o espaço do comentário, o individuo pensa: “eu posso escrever e dizer o que eu quiser”. Penso que este é o ponto, como devemos colocar ainda mais este assunto para discussão.
Podemos traçar um limiar quando é possível emitir uma opinião sem causar prejuízo psicológico ao outro? Na sua opinião, uma criança ou adolescente tem condições de lhe dar com as transformações físicas e ao mesmo tempo com os comentários dos colegas de classe?
Em geral, pacientes que relatam bullying, remente ao ambiente escolar, mas pode ocorrer no ambiente familiar. Além de proporcionar o conhecimento o ambiente escolar introduz o indivíduo ao convívio social. Seja por um aparelho ortodôntico, ou prótese, ou estatura pequena ou grande, excesso ou diminuição do peso, os indivíduos que sofrem esta violência tem diminuição do rendimento escolar, sintomas de ansiedade e depressão, iniciação a drogadição, alcoolismo e entre outros fatores de risco.
Na maioria das vezes sente-se envergonhados de relatar os ataques e sente-se penalizados, a experiência negativa é tão intensa que preferem solicitar a mudança de grupo escolar, tendo que abandonar colegas e professores que desenvolveram afeto.
No ambiente de trabalho, existe também legislação, chama-se assédio moral, que pode ser praticada por chefes ou colegas de trabalho. O que fazer quando o convívio social é nocivo, mas existe a dependência financeira?
Um dos pilares fundamentais de uma sociedade é orientar seus cidadãos a compreender que somos interdependentes – dependemos uns dos outros para viver. Não? Como seria a sua vida se de hoje em diante se houvesse a interrupção da energia elétrica?
As leis existem para limitar o que podemos ou não podemos fazer com o outro. Pense na sinaleira (farol ou semáforo), imagine se todos andassem na velocidade que quisessem sem respeitar as placas de trânsito? Então, não pode tudo? Você fazer o que quiser, não é?
Quando ultrapassamos o sinal vermelho o tempo todo, é necessário revisitar um conceito da filosofia - a ética - o conjunto de padrões e valores morais de um grupo ou indivíduo. Deveríamos saber os nossos direitos para vivermos em sociedade, certo? Assim como deveríamos saber os nossos deveres?
Como no meu texto anterior, existem muitos questionamentos quando pensamos num ambiente seguro na Internet, para crianças, adolescentes e adultos. No próximo texto continuam com o mesmo conteúdo, porém migrando para outra rede social, Youtube, cujo os ‘deslikes’ e comentários negativos são considerados pela plataforma como engajamento.
Psicóloga Masilvia Diniz
@psicomasilviadiniz
Clínica da Ansiedade e Depressão - CRP-06/89266
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