Em 2021, o Farol do Mucuripe tem celebrações significativas para relembrar a sua trajetória construtiva e seu valor como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Ceará e ainda como significativo no acervo do mobiliário urbano da cidade de Fortaleza.
Linha do Tempo:
195 ANOS DO PLANO DO FAROL
Em 17 de agosto de 1826 é aprovado o plano construtivo do Farol do Mucuripe, por Dom Pedro I.
175 ANOS DA FUNDAÇÃO DO FAROL
A obra do Farol do Mucuripe foi concluída em 17 de novembro de 1846.
150 ANOS DO INÍCIO DO FAROL GIRATÓRIO
Em 29 de julho de 1871 é iniciado o funcionamento do farol giratório.
40 ANOS DO MUSEU DO JANGADEIRO
Restaurado em 1981, o Farol do Mucuripe recebeu o Museu do Jangadeiro. Que receberia enfim um uso adequado para "garantir" sua preservação.
A importância histórica do Farol do Mucuripe para a cidade já remonta ao tempo da chegada dos ibéricos, desde a passagem de Vicente Pinzón (nome do bairro circunvizinho – em homenagem ao navegador espanhol) que fez o primeiro registro geográfico do litoral fortalezense, desde o Mucuripe à Barra do Ceará. De modo inverso, estabelecido o Marco Zero (Forte Santiago 1604) às margens do Rio Ceará, os portugueses Pero Coelho e Martim Soares Moreno fixaram um ponto de observatório (que denominaram São Bartolomeu) que se tronaria referência do atual farol.
O historiador Adauto Leitão de Araújo Jr. observando o estado deplorável da edificação e com a iminente queda da cúpula do farol, então, convidou o geografo Cândido Henrique de Aguiar Bezerra, presidente da Associação Profissional dos Geógrafos do Estado do Ceará (APROGEO-CE) para uma visita técnica, e analisar o restauro e possíveis reuso sustentável (registros fotográficos do historiador).
Não se trata de nenhuma surpresa desagradável para o geógrafo Cândido Henrique, que atua como colaborador da “Comissão Titans” (espécie de comissão de moradores, não é uma associação formalizada, pois entendem que não espaço para uma ordem de poder e que todos são comprometidos). Responsáveis por realizarem intervenções com grafites – foi a maneira pensada pelos “Titans” para chamar atenção das autoridades do Governo do Estado para a requalificação do patrimônio, que possui tombamento pela SECULT – Secretaria de Cultura.
A olhos vistos pela crítica do historiador – em nada sensibilizou os entes de governo – do contrário, que é um descaso total. Em se comparando a foto do restauro de quarenta anos atrás e utilização até de um Museu dedicado aos Jangadeiros – me parece que a canção de Raimundo Fagner “As Velas do Mucuripe” se tornam uma ode à melancolia local, pontua.
Na avaliação do geógrafo, “Avançado estado de deterioração predial, com iminente risco de queda do pavimento superior, onde encontra-se a estrutura de suporte da luminária giratória, inaugurada em 1871”. É bem visível que o “faro” não existe mais. Também a escada helicoidal de acesso a parte superior – antes, de madeira – e depois recolocada com estrutura de ferro – e por ser metal, está totalmente corroída pela maresia. Ao menos a estrutura base de alvenaria continua conforme a sua característica original, segundo o historiador.
Mesmo que Fortaleza tenha um outro “novo farol” homologado pela Marinha do Brasil, que baliza a navegação no litoral. A sugestão do historiador Adauto Leitão de Araújo Jr. é colocar uma estrutura “espelhada” à moda primitiva que poderia dar um caráter nostálgico – a sua histórica funcionalidade.
E resgatando o Museu do Jangadeiro – personagem ícone até da abolição da escravatura pioneira no Brasil, que aconteceu no Ceará em 1884, reivindica. Já o geógrafo Cândido Henrique Bezerra acrescenta que a “Comissão Titans” vai além e que sonha com a “instalação da Mapoteca: Histórica e Geográfica – Digital”, enfatiza. Ambos concordam que é urgente providências do Governo do Estado.
No que se refere aos cuidados diários; Adauto vê que o programa “Jovem Aprendiz” poderia alocar a juventude local (alunos da rede pública estadual) para ser guias do Farol do Mucuripe; Cândido Henrique o empreendedorismo da comunidade poderia oferecer um café aos visitantes – que sem sombra de dúvidas – usufruía de um lugar estratégico para contemplar o litoral da cidade.
Legado histórico do Farol do Mucuripe – patrimônio da cidade, – sentimentos de pertencimentos e sonhos dos “Titans”, - está sempre luzindo. Descaso e abandono – são imagens da inoperância e desvalorização do governo estadual quanto a preservação e respeito a comunidade, - está obscura atualmente...
Adauto Leitão de Araújo Junior
Historiador e pesquisador com expertise no Marco Zero de Fortaleza.
Comments