Alta do diesel afeta toda a cadeia produtiva, que depende do frete rodoviário para distribuição no país.
O primeiro reajuste de combustíveis da gestão do general Joaquim Silva e Luna na Petrobras pegou os caminhoneiros de surpresa. Há menos de uma semana, membros do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) se reuniram com o presidente da estatal e pediram para que o preço do diesel não subisse.
"Deixamos claro na reunião que se o diesel subisse ia afetar seriamente não só os caminhoneiros, mas a sociedade em geral, que já está muito pressionada", disse Plínio Nestor Dias, presidente do CNTRC.
O preço do litro da gasolina foi reajustado de R$ 2,53 para R$ 2,69 (Alta acumula de 46% desde janeiro) e o do óleo diesel, de R$ 2,71 para R$ 2,81 (alta acumulada é de 39%). Com isso, os dois combustíveis vão ficar 6% e 3,7%, respectivamente, mais caros a partir desta terça-feira (6). Essas são as primeiras altas da gestão do general Joaquim Silva e Luna que assumiu o cargo há quase três meses.
Apesar de ter baixo impacto na inflação oficial (IPCA), a alta do diesel afeta toda a cadeia produtiva, que depende do frete rodoviário para distribuição no país.
Dias afirmou que a greve dos caminhoneiros, marcada para o próximo dia 25, continua de pé e ganha força com a alta. Segundo ele, o CNTRC enviará uma carta em resposta à Petrobras nesta segunda-feira, 5, afirmando mais uma vez a posição da categoria.
"Meu celular não parou o dia todo, são caminhoneiros querendo saber o que aconteceu. Vamos traçar nossa estratégia para ninguém sair prejudicado, mas vai ter greve", informou.
Também os petroleiros criticaram o novo aumento dos combustíveis anunciado pela petroleira - 6% para gasolina e GLP e 3,7% para o diesel. Segundo o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, o aumento veio da pressão de importadores de combustíveis e de investidores do mercado financeiro.
"O novo aumento nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha nas refinarias anunciado hoje pela Petrobras é mais uma clara demonstração da equivocada política de preço de paridade de importação (PPI), adotada pelo governo Bolsonaro contra a população brasileira e que penaliza sobretudo os mais pobres", disse o sindicalista.
Bacelar chama a atenção sobre o impacto que os aumentos terão na inflação em efeito cascata, que junto com a elevação das tarifas de energia elétrica achatam a renda do trabalhador.
"É inadmissível que com este novo aumento no gás de cozinha nas refinarias da Petrobras, a partir desta terça-feira, o sexto aumento somente neste ano, o gás de cozinha já acumule uma alta de 37,9%", ressaltou Bacelar.
Ele destacou que nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 8 06%. "Ou seja, em sete meses, o aumento do gás de cozinha já é quase cinco vezes a inflação de um período de um ano", disse.
Intervenção
O general do Exército Silva e Luna tomou posse em abril, no lugar de Roberto Castello Branco. Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, o militar entrou na empresa com o desafio de conduzir a política de preços dos combustíveis, motivo do desentendimento entre o ex-chefe da estatal e Bolsonaro.
Com reajustes seguidos dos combustíveis e se tornando alvo de críticas, Bolsonaro passou a usar desde fevereiro suas lives semanais na internet para atacar Castello Branco.
O executivo, no entanto, optou por permanecer à frente da companhia até abril, quando um novo conselho de administração tomou posse. No dia 19 de abril, Silva e Luna assumiu a presidência da empresa estatal.
Fonte Agência Estado
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