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Alison atropelou a própria meta e, quando viu, era o terceiro maior da história

Aos 21 anos, brasileiro conquistou o bronze nos 400m com barreiras e agora é o terceiro homem mais rápido da prova em todos os tempos.



Em fevereiro, a seis meses dos Jogos Olímpicos, Alison dos Santos fazia contas. Dizia em entrevista ao Canal Olímpico do Brasil que queria correr os 400m com barreiras quebrando o patamar dos 48s. "Quero correr 47 e tals". Era uma perspectiva para a temporada, e sobre ela restam hoje duas opções.


Teria sido o velocista bastante cauteloso, para não criar expectativas exageradas e projetar um degrau por vez, segundo a segundo. Ou o mais novo medalhista olímpico do atletismo brasileiro não imaginava uma evolução tão impressionante para cada uma das próximas entradas na pista.


O Piu, como é conhecido, ainda estava nos 48s15 em abril. Mas começou a enfileirar novas marcas pessoais, que significavam o recorde sul-americano, prova atrás de prova. Em julho, ganhou a etapa de Estocolmo na Diamond League com 47s34. Em agosto, já em Tóquio, nas semifinais olímpicas, correu para 47s31, quando admitiu que se poupou na reta final porque achava que não vinha num ritmo tão bom.

Até que veio a linha de chegada da grande final na madrugada desta terça-feira (3). O norueguês, o americano, Alison, a tela com os tempos e a chamada de vídeo com os familiares, a torcida possível em tempos de pandemia: 46s17. A meta de fevereiro ficou velha. Quando Piu arregalou os olhos para encarar os números, ele era o terceiro maior corredor da prova em todos os tempos.


"Eu não sei o que aconteceu. Se aconteceu, eu não sei o que foi. Eu passei a linha, olhei, vi que estava em terceiro, olhei novamente, vi os 45 [segundos, tempo do vencedor] e achei que estava na prova errada", disse na saída da pista. Se o susto é com a atualização do recorde mundial de Karsten Warholm, por tabela é também com o próprio tempo, suficiente para ganhar qualquer outra edição da história dos Jogos Olímpicos.


Só quatro pessoas tinham corrido abaixo dos 47s antes. O novo campeão olímpico, Warholm, o vice-campeão, Rai Benjamin, dos Estados Unidos, o sexto colocado em Tóquio, Abderrahman Samba, do Catar, e o campeão dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, Kevin Young, dos Estados Unidos. Piu rasgou as contas para se meter nesse bolo aos 21 anos, sem deixar de dançar, cantar e levar a adrenalina numa boa.


"A gente tem a teoria de que em time que está ganhando não se mexe. Eu sempre me dei muito bem aquecendo descontraído, levando tudo na leveza, escutando música, me divertindo. Xavecando o momento! Quando mais se xavecar o momento, mais leve a prova fica, melhor você fica. Não que a pressão não exista. Eu estava muito ansioso. Mas não poderia deixar isso tomar conta", contou.


Mas nem sempre foi assim. Quando tinha só dez meses, uma panela de óleo quente virou sobre ele, causando queimaduras gravíssimas. Por conta disso, Alison não tirava o boné por nada, cobrindo a parte de cima da cabeça, até a região da testa, e escondendo a área onde perdeu os cabelos e ficou com as cicatrizes.


Hoje, o corredor de 2 metros de altura encara as câmeras - sem boné - com a mesma naturalidade que salta as barreiras num ritmo de medalhista olímpico, a primeira conquista individual de pista desde 1988, quando Robson Caetano e Joaquim Cruz terminaram no pódio. Nessa altura, bronze no peito, a meta já deve ser para correr abaixo dos 46s.


(*Com informações do Olimpíada Todo Dia)

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