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A história não contada do Brasil apresenta: Dr. Juliano Moreira


“Quantas são as raças? Onde termina a raça branca? Onde começa a amarela? Onde acaba? Onde começa a preta?”

Juliano Moreira, negro, médico psiquiatra e abolicionista em 1891


Na semana da consciência negra, o podcast Inteligência Ltda, apresentado por Rogerio Vilela no Youtube, convidou dois homens negros com posições políticas divergentes para falar sobre desigualdade racial. O professor Paulo Cruz, sendo de direita e o escritor Ale Santos sendo de esquerda, ambos concordam que um dos importantes nomes da luta antirracista e que ajudou a combater a eugenia – tese que defende a questão da raça pura – fora o Dr. Juliano Moreira (1873-1933), médico psiquiatra, baiano e atualmente reconhecido como o pai da psiquiatria no Brasil.

Filho de uma empregada doméstica e de um funcionário público, que reconheceu a paternidade quando Juliano estava crescido e pronto para ingressar na faculdade de medicina aos 14 anos. As perguntas que você leu no início deste texto, são de sua tese de conclusão do curso de medicina na Bahia aos 18 anos.

Se você assim como eu, você nunca ouviu falar no Dr. Juliano Moreira, e ficou se perguntando como é que nós, os brasileiros, não conhecemos nossa história... Passamos por ruas, avenidas, prédios e homenagem na página inicial do Google e não sabemos de quem que se trata, compreenda que: e quando resgatamos nosso passado e que conseguimos entender nosso presente.

Dr. Juliano Moreira discordava das ideias defendidas por Raymundo Nina Rodrigues (1862-1906), médico da primeira turma, cuja tese era de que negros e índios eram inferiores genética ente aos brancos; e que a miscigenação entre raças resultaria fatalmente em indivíduos fisicamente degenerado e desequilibrados mentalmente. De acordo com o Dr. Juliano Moreira, as causas de doenças mentais eram advindas de outros fatores tais como sífilis (doença sexualmente transmitida), alcoolismo, condições sanitárias e condições educacionais.

Nina Rodrigues, era simpatizante da tese de Cesare Lombroso, na qual o indivíduo nascia como criminoso – atavismo – e que através de determinado formato craniano era possível identificá-lo. Como curiosidade ao leitor, no final da Guerra de Canudos, o Nina rodrigues chegou a solicitar a cabeça de Antônio Conselheiro, a fim de encontrar o tal atavismo, mas foi sem sucesso. Baseado nestes argumentos, Nina Rodrigues, defendia que tinha que haver um código de leis específico para brancos e outros para negros e índios. O código não prosperou, mas conseguiram uma aprovar uma lei que somente permitia a entrada de brancos no Brasil que caiu em desuso em 1936.


Nosso ilustre Dr. Juliano Moreira, travou uma luta contra o racismo travestido de ciência, pois fora seus esforços trabalhando no como alienista (especialistas em doenças mentais nos dias atuais) no hospital psiquiátrico na Bahia que evoluiu os estudos clínicos no Brasil para desmistificar qual relação entre a raça e a doença mental. Impulsionando assim a criação de laboratórios em hospitais e clínicas e foi precursor da psicanálise, numa época em que ainda não se discutia Freud no Brasil.


“Ele retirou as grades das janelas das enfermarias; aboliu os coletes e as camisas de força; criou o Pavilhão Seabra (amplo prédio que abrigava diversos equipamentos trazidos da Europa que auxiliavam no funcionamento de oficinas de ferreiro, bombeiro, mecânica elétrica, carpintaria, marcenaria, tipografia e encadernação, sapataria, colchoaria, vassouraria e pintura), onde os assistidos realizavam atividades que auxiliavam em sua recuperação e lhes traziam alguma renda”

Ronaldo Ribeiro Jacobina, médico e historiador

O Dr. Juliano Moreira enquanto diretor do Hospício Nacional de Alienados no Rio de Janeiro, mostrou seu trabalho de oficinas terapêuticas para o físico Albert Einstein que esteve no Brasil em 1925. Antes que alguém se pergunte, Einstein foi em 1919 ao Ceara, na cidade de Sobral para através de um eclipse comprovar a Teoria da Relatividade.

Atualmente o Hospital Dr. Juliano Moreira (antigo Asylo São João de Deos, nome que tinha quando o jovem Dr. Juliano Moreira trabalhou entre 1893 e 1903) e é referência no tratamento de doenças mentais pelo SUS na Bahia. Além disso contém um memorial contando a história deste brasileiro e tem um prêmio para jovens que estudam formas de ajudar a melhorar a qualidade de vida dos doentes mentais.

Por quê publicar este texto depois das comemorações da semana da consciência negra? Porque a luta antirracial deve ser travada todos os dias.


Fontes:

https://www.youtube.com/watch?v=S2AEhGDaed4

https://www.scielo.br/j/rbp/a/wzF5QyZ7pVvVVF5VqRHwSHf/?lang=pt

https://brasil.elpais.com/ciencia/2021-01-06/juliano-moreira-o-psiquiatra-negro-que-revolucionou-o-tratamento-das-doencas-mentais-no-brasil.html

http://www.fameb.ufba.br/filebrowser/download/95

https://www.techtudo.com.br/noticias/2021/01/google-homenageia-psiquiatra-juliano-moreira-com-doodle.ghtml




Psicóloga Masilvia Diniz

@psicomasilviadiniz

Clínica da Ansiedade e Depressão - CRP-06/89266

Atendimento Online para Brasileiros que vivem no Mundo.







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