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Opinião: 1 de maio - Dia do trabalho, o que comemorar?

Temos, hoje no país, cerca de 12 milhões de desempregados, um número bastante elevado de pessoas que estão completamente sem exercer qualquer atividade laboral e, portanto, vivendo (ou escapando) à margem da sociedade considerada produtiva.


O Brasil conta, ainda, com 38 milhões de pessoas, sem vínculo formal algum, o que representa por volta de 40% da população ativa do país, uma cifra bastante alta de pessoas que, neste último caso, estão auferindo alguma renda, no entanto, sem proteção jurídica ou de previdência que outorgue segurança para o trabalhador e sua família, diante de eventuais circunstâncias adversas que lhes reduza a capacidade laborativa, como doença adquirida e acidente em serviço, apenas para citar alguns exemplos.


A precarização do trabalho, por outro lado, é uma dura realidade que vem se agigantando, inclusive, com o aval da legislação atual. Terceirização e até mesmo quarteirização de diversas atividades e postos de trabalho têm reduzido a segurança e estabilidade do trabalhador. Todos desejam um trabalho digno, para sobreviver e fazer seus planos familiares, como a aquisição da casa própria, educação dos filhos, dentre outros, todavia, a falta de perspectiva duradoura e de um cenário mais previsível na economia limitam e frustram o trabalhador.


Eventos como a pandemia, guerra e conflitos internacionais, além da galopante inflação real, maior do que a oficial, vem corroendo assustadoramente o poder aquisitivo da moeda e, por consequência, do salário, o que afeta sobremaneira as famílias, causando endividamento a juros altíssimos, repercutindo na própria economia, uma vez que reduz o consumo geral da população, numa visão mais ampla e geral.


Portanto, em apertada síntese, faz-se necessário uma tomada de rumo urgente, com estratégias políticas sérias, para recuperarmos postos de trabalho dignos, gerando emprego e renda para população brasileira, aliada a uma economia mais sólida que prestigie e reconheça o valor intrínseco do trabalho e do labor humano, como uma realidade a ser respeitada, pelos governos e pela sociedade.


Como diz a sempre atual encíclica "Rerum Novarum", de 1891, sobre a condição do operário, do Papa Leão XIII, "o que é vergonhoso e desumano é usar dos homens como de vis instrumentos de lucro, e não os estimar senão na proporção do vigor dos seus braços”.


Neste dia do trabalho e do trabalhador, possamos refletir sobre como construir uma sociedade mais humana, com oportunidades para todos e com mais acesso aos bens e serviços, em como investir na educação e na capacitação das pessoas, para ocuparem as vagas de emprego, em como unir representações classistas e patronais, no bem comum do país, aperfeiçoando, com dignidade, as negociações coletivas, pois numa sociedade forte e menos desigual, todos ganham.


Reconheçamos o trabalho como realidade e força motriz construtora deste país e valorizemos nossos trabalhadores e suas famílias.



Moaceny Félix

Advogado, Procurador Federal e professor.

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